Revisão de prótese de quadril: quando é necessária?

Profissional da saúde observando radiografias de quadril em tela digital durante avaliação clínica.

Quando realizamos uma artroplastia total de quadril, o principal objetivo é devolver mobilidade e qualidade de vida ao paciente. Ainda assim, em longo prazo, surgem situações em que a revisão de prótese de quadril se torna necessária.

Essa possibilidade pode causar preocupação, mas quero mostrar que, apesar de mais complexa que a cirurgia original, a revisão da prótese pode representar o passo certo para recuperar o conforto e a segurança nos movimentos. Por isso, neste artigo, explico quando ela é indicada, quais sinais devem ser observados, os benefícios esperados e como o acompanhamento médico especializado faz diferença nesse processo.

O que é a revisão de prótese de quadril?

A revisão de prótese de quadril é uma cirurgia que substitui parcial ou totalmente uma prótese já implantada. Ela é indicada quando há desgaste, infecção, instabilidade ou outros problemas que comprometem o funcionamento da prótese anterior.

Embora esse tipo de procedimento seja mais complexo, ele também é mais personalizado. Com o avanço da medicina e dos materiais utilizados, conseguimos planejar com mais precisão, utilizando componentes adaptados à anatomia e à necessidade de cada pessoa.

Ainda mais, o tempo de recuperação depende muito do tipo de revisão e do estado clínico do paciente. Por isso, reforço que cada caso é único — e deve ser analisado com cautela e individualidade.

Quando a revisão é indicada?

Nem toda dor significa falha na prótese. Às vezes, a origem pode estar na musculatura, nos ligamentos ou até mesmo em articulações vizinhas. No entanto, existem situações claras em que a revisão de prótese de quadril é recomendada. Vamos entender melhor cada uma delas:

1. Desgaste dos componentes

Com o passar dos anos, principalmente em pessoas com grande nível de atividade física, os materiais da prótese podem se desgastar. Esse desgaste leva à liberação de partículas, que causam inflamações e, eventualmente, enfraquecimento ósseo (osteólise).

Assim sendo, quando esse processo avança, a prótese pode se soltar, causando dor e instabilidade. Nesses casos, a cirurgia de revisão visa restaurar a fixação da prótese e proteger os ossos ao redor.

2. Infecção

Infecções podem surgir logo após a cirurgia ou muitos anos depois. Embora não sejam frequentes, exigem atenção. Quando ocorre uma infecção profunda, não basta tratar com antibióticos. Em muitos casos, é necessário remover a prótese, controlar a infecção e, depois disso, reimplantar uma nova.

Esse processo, conhecido como revisão em dois tempos, é mais seguro para evitar a recorrência do quadro infeccioso, uma vez que a identificação precoce torna o tratamento mais simples.

3. Fraturas ao redor da prótese

Pacientes com ossos mais frágeis — como em casos de osteoporose avançada — podem sofrer fraturas próximas à prótese, chamadas fraturas periprótese. Tais lesões, se instabilizarem a prótese, exigem revisão para fixação adequada.

4. Luxações repetidas

Quando a prótese sai repetidamente do lugar, chamamos isso de luxação recorrente. Embora não seja comum, pode ocorrer por má posição da prótese, fraqueza muscular ou outros fatores mecânicos. A cirurgia de revisão, nesses casos, reorganiza os componentes, garantindo maior estabilidade.

5. Reações ao material da prótese

Em casos mais raros, o corpo pode reagir ao material metálico da prótese. Isso pode causar inflamações, inchaço e dor. A troca por materiais alternativos — como cerâmica ou polietileno — costuma ser eficaz nesse tipo de revisão.

Como fazer esse diagnóstico?

O diagnóstico da necessidade de revisão parte sempre da escuta do paciente. Sintomas como dor, cliques na articulação, sensação de frouxidão ou dificuldade progressiva para caminhar merecem investigação.

Para isso, pedimos radiografias comparativas, tomografias, ressonâncias e, se houver suspeita de infecção, exames de sangue e punção do líquido articular.

Dessa forma, conseguimos identificar se há soltura da prótese, desgaste dos componentes ou sinais de infecção. Se for necessário, outros exames complementares também são solicitados.

O que diz a ciência sobre a revisão de prótese de quadril?

Um estudo da revista Annals of Joint apontou que a revisão de prótese de quadril apresenta altos índices de sucesso, desde que seja bem planejada. Ainda mais, o uso de componentes modulares e a escolha de técnicas personalizadas foram associados a menor risco de complicações.

Segundo o estudo, a experiência do cirurgião, aliada ao preparo adequado do paciente, é decisiva para o sucesso da cirurgia. Portanto, o acompanhamento profissional antes e depois da revisão é indispensável.

Além disso, o artigo reforça que a revisão precoce, feita assim que os primeiros sinais são identificados, traz melhores resultados. Esperar demais, por outro lado, pode levar à piora da condição óssea, dificultando o procedimento.

Quais os riscos e benefícios da cirurgia?

Riscos

Toda cirurgia apresenta riscos, e com a revisão de prótese de quadril não é diferente. Entre os principais:

  • Infecções pós-operatórias
  • Lesões vasculares ou nervosas
  • Trombose
  • Rejeição ou soltura precoce da nova prótese
  • Dor persistente

No entanto, os avanços nas técnicas cirúrgicas e a adoção de protocolos de segurança reduzem significativamente muitos desses riscos. Ainda assim, devem ser discutidos com clareza durante o planejamento cirúrgico.

Benefícios

Os benefícios da revisão, quando bem indicada, são expressivos. O mais comum é o alívio da dor, mas há também a melhora na estabilidade da articulação, no equilíbrio e na autonomia para as atividades cotidianas.

Pacientes que antes estavam limitados por dores ou instabilidade conseguem, após a cirurgia, retomar uma rotina mais ativa e confortável. Ou seja, a cirurgia pode representar uma nova chance de qualidade de vida.

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Quando a decisão pela revisão faz sentido

Muitas pessoas esperam tempo demais para buscar ajuda, achando que a dor é normal. Outras têm medo de passar novamente por uma cirurgia. Mas a verdade é que, quanto antes investigarmos a causa do desconforto, maior a chance de resolver com segurança.

Em meu consultório, sempre avalio com cuidado. Examino, converso e só indico a revisão de prótese de quadril quando há uma razão técnica clara. A decisão nunca é precipitada. Na maioria das vezes, conseguimos entender o que está por trás dos sintomas com uma abordagem simples e detalhada.

Portanto, se você sente que algo não está certo com sua prótese, ou está vivendo com dor e insegurança para andar, não adie sua avaliação. Pode ser que ainda não seja o momento da revisão — mas descobrir isso com certeza vai trazer mais tranquilidade.

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